RODRIGÂO
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RODRIGÂO
Lá vem rodrigão, com o pincel, na mão!
dizia o manuel da bilha, que continuava a inventar, para ter
novidades para contar, no café da vila,
-dizem na fonte da vila, que da briga de ontem á noite, não se
livrou, quando, marcelino da coxa, lhe deu dois sopapos, nas trombas.
Chico pinhão, olhou de lado. Manuel da bilha, que continuava, a
divagar.
-e! mais!, que a mulher, onde ele poe as mãos, lhe cai tudo, para
o chão.
Ambrosio das cabras, levantou-se, para sair, quando, carlos das
beiras, exclamou:
-vamos andando, porque o rodrigão, já tras o pincel, em acção,
para dar com ele, na cabeça de alguem.
Manuel da bilha, levanta-se, e sai, rodrigão com o pincel na mão,
corre atrás dele.
-anda cá linguarudo! Tu é que levas, dois sopapos nas trombas, e
te cai tudo, quanto tens, entre as pernas, para o chão!
Chico pinhão, e carlos das beiras, fugiram, e meteram-se, no meio
da procissão, que ia em direcção á capela, as mulheres caíram, para o chão, por
causa deles, o padre Inácio, com as mãos, na cabeça, ralhava.
-mas, que brincadeira, vem a ser esta! Vocês! estais, bêbados? ou
quê?!
Ana paula alberto caldeira 13/06/09
Perguntaram por ti.
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Perguntaram por ti.
Perguntaram por ti, mas eu, nada disse.
Perguntaram por ti, mas não, respondi.
Perguntaram por ti, e eu, fiz que não, percebi.
Perguntaram por ti, fiz que não, ouvi.
Perguntaram por ti, e eu, nada disse.
Perguntaram por ti, mas eu, segui.
Perguntaram por ti, e eu, disse-te.
Perguntaram por ti, e tu, mais, uma vez, não quiseste, saber.
Perguntaram por ti, e eu, insisti, em dizer-te
Perguntaram por ti, e eu, agora, sorri.
Perguntaram por ti, ponto.
Já chega, termina assim.
Ana paula alberto caldeira, 09Mai09
O SONHO
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O SONHO
Caminhei, pelo caminho de terra batida, e empoeirada, que, não tinha fim.
Ao fundo o céu, azul, ficara tapado de nuvens, cinzentas.
Eu, sozinha caminhava, olhando em redor, e logo a seguir, olhava o
horizonte.
O vento frio e forte, empurrava-me, tive frio, muito frio, mas
segui, em frente.
Os meus cabelos esvoaçavam, tapando-me por instantes, a visão.
Tentei gritar, mas não consegui, a minha voz, não saía, parecia
estar presa.
Ouvia vozes, aqui, acolá, mas não vi ninguem, tive medo, não via
ninguém, tive, muito medo, e fugi, por aquele caminho adiante, fugi, fugi,
tanto, que já voava, mas, não tinha asas, não estava, em mim, tive medo de
cair, quis voltar para trás, mas não consegui, voei, pelo mundo, vi pessoas, vi
o mundo.
Algumas pessoas, choravam, outras riam, algumas morriam sozinhas,
outros pequenos seres nasciam, o sol nascia , e o por-do-sol, surgia, pessoas
matavam-se, outras, fugiam, outras, passeavam, ouvi gente a chamar-me, mas não
via ninguém, passei pelo meio das pessoas, e falei para elas, não me viam, eu
tocava-lhe, e, elas não sentiam.
E, de novo, voava outra vez.
Olhei para baixo, enquanto voava, pensei, mas que faço aqui.
Depois, voltei ao mesmo caminho, e as, mesmas vozes, mas não via
ninguém.
Entretanto o caminho terminou, e estava na minha cama!
Respirei de alivio.
Ouvi de novo as vozes, mas não via ninguém!
Acordei! E de novo a mesma voz, e agora, percebi!
Do outro lado da casa, alguém bradava:
-Acorda, e, desliga o despertador! Estas a ouvir!
Hum! Acorda! Tens o despertador ligado! Ouviste?
Estás, aí?
E, estava, ali! sim!
Tinha acabado, de chegar, de um sonho!
Ana Paula Alberto caldeira, 02mai09
OLHEI EM REDOR
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OLHEI EM REDOR
olhei em redor, vi que estava só!
escrevi, o teu nome, na areia molhada, da praia.
Por instantes, olhei o mar.
As ondas, iam e vinham, molhando os meus pés.
Tive vontade, de apagar, o nome que escrevi, mas não consegui!
olhei em redor, e vi, estava só!
Voltei para trás, e fiquei por ali, a olhar o teu nome.
Ana Paula Alberto caldeira 22/04/09
TONHO DO CANTO
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TONHO DO CANTO
-TONHO DO CANTO! TONHO? TONHO?
BRADAVA, CHICA DA SILVA, BAIXINHO, Á PORTA DA TABERNA SOMBRIA, DO
LARGO DO PRANTO.
-JÁ ESTÁS BÊBADO? NÃO É? POIS! É COSTUME!
TONHO DO CANTO, NÃO OUVIA NADA, PORQUE Á HORAS, QUE DORMIA, E
RESSONAVA, EM CIMA DA MESA QUE EXISTIA NA TABERNA SOMBRIA.
RODEADO DE CANECAS DE VINHO, E OUTRAS TANTAS, ALI PELOS CANTOS.
CHICA, FINALMENTE ENTRA, MÃOS NAS ANCAS, CHINELAS DE SALTOS ALTOS,
SAIA JUSTA, COM RACHA ATRAS, POR CIMA DOS JOELHOS, DOIS PALMOS.
AO VER, ALI O SEU TONHO, EM CIMA DA MESA, DEBRUÇA-SE, SOBRE ELE, A
OUVI-LO RESSONAR.
-POIS! POIS!POIS! SO PODIA SER! AGORA VAIS PARA CASA, DE RASTOS!
OU DORMES AQUI! RESSONAS QUE NEM UM BACARO! Á PROCURA DE BELOTA, NUM MONTADO!
ZE DAS TORRES, PASSAVA NA ALTURA, RENTE DA PORTA, A ASSOBIAR, RUA
Á BAIXO, QUANDO, PÁRA, E FICA CONTEMPLANDO, AS ANCAS DA CHICA DA SILVA, E A
RACHA DA SAIA, MUITO PARA CIMA DOS JOELHOS, COÇA A CABEÇA POR DE BAIXO DA BOINA
VERMELHA, UMA, DUAS, TRES E QUATRO VEZES, EM VARIOS SENTIDOS, MIRANDO, BEM, A
SAIA COLODA, ÁS, ANCAS ROLIÇAS DA CHICA.
CHICA DA SILVA, ERGUE-SE E QUASE CHOCA COM ZE DAS TORRES,
GRITANDO-LHE AO OUVIDO.
-QUE ESTAS A OLHAR? NUNCA VISTE? MOSQUITO VAREJEIRO!
AH! MAS TU HOJE! ESTAS TODO JANOTA, E PERFUMADO! MAS FILHO! COM
ESSA BOINA VERMELHA! MAIS PARECES UM MARICONÇO!
ZE DAS TORRES, NÃO GOSTOU, E ATIROU A BOINA VERMELHA, PARA O CHÃO,
PONDO-LHE EM SEGUIDA, OS PÉS EM CIMA.
VIROU-LHE AS COSTAS LOGO A SEGUIR, E DESCEU, A RUA DO CALVARIO, DE
CIMA, LOGO DE IMEDIATO
TONHO DO CANTO ABRE OS OLHOS, E LEVANTA A CABEÇA.
-AI!AI!AI! A MINHA CABEÇA! ESTOU TONTO! OU SEI LÁ, O QUÊ?
CHICA RESPONDE:
-TONTO!, NÃO! NÃO ESTAS! O QUE, TU ESTAS !É BEBADO! QUE NEM UM!
CACHO!
ana paula alberto caldeira 19-03-2009
PROCURO NO TEU OLHAR
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PROCURO NO TEU OLHAR
Procuro no teu olhar, o que pensas de mim, ja que tu, não me dizes!
Procuro no teu olhar, as respostas, para as minhas duvidas!
Procuro no teu olhar, o que queres dizer, quando me olhas tanto!
Procuro no teu olhar, a chama do teu encanto, por mim.
Procuro no teu olhar, porque me amas, tanto assim!
ana paula alberto caldeira 02/03/09
O PASSEIO PELA VILA
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O PASSEIO PELA VILA
Era manhã, caminhei pelo interior da vila, lembrava-me que os meus antepassados, o teriam feito, séculos e séculos atrás, Pelo menos que eu saiba, desde o século XIX.
Olhei a calçada empedrada de granito, talvez tão antiga, quanto os
anos que a vila tem, oitocentos e quarenta e oito anos.
Soube depois que a vila, outrora concelho, teve o 1º foral em
1160, concedido, pelo rei D. Afonso Henriques, e que depois, muitos, e muitos
séculos, depois, perdeu-se.
Caminhei pela calçada de pedra, percorri as ruas estreitas da
vila, parei em frente ao único vestígio do castelo, onde apenas existe a torre
do relógio.
Por ali passaram muitos povos, quantas pessoas não teriam passado
por cima daquelas pedras, já meias gastas.
As casas caiadas de branco, debruadas amarelo, com ombreiras de
pedras em granito, algumas trabalhadas, com inscrições, outras com desenhos,
não saindo do traço, do norte alentejano, observei-as, uma e outra ombreira,
com desenhos, olhei atentamente, sem conseguir decifrar, o que significaria
aquilo.
Continuei pela vila, outrora templária, mourisca, e cristã, alguns
casarões, das famílias mais importantes da vila, dos tempos áureos, em que fora
concelho.
Imaginei por ali, os meus antepassados tal como eu, a percorrer as
ruas estreitas da vila.
A minha avó costumava dizer, que seus pais e avós, por ali teriam
vivido, numa daquelas casas, junto da torre do relógio, o que restara do
castelo, e que sua tia Joana teria ido viver, para Espanha, por causa do filho,
isso eu sei, porque a filha, vinha cá todos os anos, com o filho e os cunhados,
e agora vem o filho, e a esposa, e os tios, que também, já fazem parte da
família.
Depois de ter dado estas voltas, pelo interior da vila secular, do
seu interior e regressei a casa, a zona mais recente, onde passa a estrada
nacional nº 18.cheguei a casa e disse, tal como, a minha avó dizia, trago
novidades da vila.
ana paula alberto caldeira, 13-12-2008
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